19/02/2015

Corujas: Introdução

Tyto tenebricosa
Tyto tenebricosa. By Richard Jackson
Texto: Evelyn Barcelos
Publicado: 19 de fevereiro de 2015

As corujas pertencem a Ordem Strigiformes e são divididas em duas Famílias: Tytonidae e Strigidae. Existem ao menos 210 espécies conhecidas no mundo (no Brasil há 23), sendo que a grande maioria pertence à segunda família.
Estão presentes em todos os continentes, exceto na Antártica, e são provavelmente originárias do Velho Mundo (SICK, 1997). Os fósseis mais antigos foram encontrados há mais de 24 milhões de anos, no Eoceno.  Em 1971, Brodkorb listou cerca de 41 espécies extintas de corujas, 11 da família Tytonidae, 5 da Protostrigidae (fóssil), e 25 da Strigidae.
Acredita-se que a maior coruja que já viveu foi a Ornimegalonyx oteroi, a coruja-gigante-cubana. Ele media cerca de 1,1 m de altura, pesava quase 10kg e viveu há mais de 2 milhões de anos, no Pleistoceno. Teria as pernas muito longas para o seu tamanho, não possuia capacidade de voo e seus hábitos lembram a atual Athene cunicularia, a coruja-buraqueira (Arredondo, 1976; Feduccia 1996).
Ornimegalonyx oteroi e Athene cunicularia
As menores corujas do mundo pertencem ao gênero Glaucidium e duas espécies disputam o título: a Glaucidium minutissimum, a caburé-miudinho, mede cerca de 12cm; já a Micrathene whitneyi, a coruja-duende, segundo Johnsgard, mede apenas 10,5cm.
Já as maiores corujas que vivem atualmente pertencem ao gênero Bubo e, mais uma vez, duas espécies disputam o título: a maioria acredita que a Bubo bubo, bufo-real, seja a maior, podendo medir até 75cm e pesar 4,2kg; e há a Bubo blakistoni, a bufo-pescadora-de-blakistoni, que é pouco conhecida mas que também podem atingir 75cm (fêmeas), mas pesar até 4.5kg (Lewis, 2011).
Bubo bubo e Bubo blankistoni
As corujas são eficientes caçadoras. Não é uma regra mas, em geral, corujas pequenas, como a corujinha-do-mato, alimentam-se de insetos, enquanto as corujas maiores, como o mocho-do-diabo, preferem pequenos vertebrados. As principais presas das corujas são os roedores e insetos, mas há aquelas com hábitos diferenciados que se alimentam de peixes, pequenas aves e morcegos.

Muitas vezes a audição é mais importante do que a visão, para a caça. Um filme em infravermelho revelou que a suindara até mesmo fecha os olhos no momento em que irá apanhar um camundongo. É incrível como as corujas conseguem discernir na multidão de ruídos aqueles que lhes são de suma importância, como o leve rumor de um camundongo andando no solo. O ouvido interno é bem desenvolvido  e externamente, as penas que cobrem a abertura têm estrutura rala e peculiar, o que permite a penetração do som. Em algumas espécies os ouvidos externos não são simétricos, estando em posição e alturas diferentes, o que também colabora na focalização, um focalizando para baixo e o outro para cima (SICK, 1997).

Os olhos das corujas são grandes, porém fixos e tubulares, o que não permite um grande campo de visão. Assim, a capacidade de girar a cabeça em até 270º é muito importante e útil. Mesmo que a audição seja mais utilizada para a caça, sua capacidade visual não é menor do que a acústica e ela enxerga tão bem à noite quanto de dia. A cor da íris é importante para a identificação da espécie, mesmo que no escuro não seja fácil distinguir. Sem dúvidas o bico curvo e as garras com unhas bastante afiadas, que servem para prender e matar a presa, são ótimos aliados à sua eficiência na caça.
Asio stygius e Megascops choliba
As principais causas de mortalidade não natural entre as corujas são: atropelamentos, cercas de arame farpado, eletrocussões e caça. A degradação de seu ambiente natural é uma possível causa para o declínio no número de indivíduos. Espécies florestais e aquelas que têm necessidades específicas podem não encontrar condições para se alimentar ou nidificar em ambientes degradados ou em recuperação, sendo assim ainda mais afetadas. Como são predadores, as corujas sofrem mais com as mudanças que ocorrem no ambiente do que animais que estão em níveis mais baixos na cadeia trófica.

Outro problema que geralmente acomete as corujas é que, muitas vezes, filhotes são levados para zoológicos ou centros de proteção por pessoas que os encontram e acreditam estarem machucados ou sem condições de sobreviver sozinhos, quando na verdade eles podem estar aprendendo a voar ou a caçar.
Por estes e tantos outros motivos, várias espécies podem estar ou estão ameaçadas de extinção, porém não aparecem nas listas de animais ameaçados por falta de pesquisas sobre essas aves. Sendo assim, muitos estudos ainda são necessários para aumentar o conhecimento sobre elas e difundi-lo entre a população.




Referências:

Site: www.owlpages.com (Todas as imagens foram retiradas do site)
SICK. H. 1997. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira.
Motta-Junior, J.C, Bueno, A.A e Braga, A.C.R. (2011); CORUJAS BRASILEIRAS, Scientific American Brasil

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